sexta-feira, 24 de outubro de 2008

ESGOTAMENTO FÍSICO E MENTAL CAUSADO PELO TRABALHO (SÍNDROME DE BURNOUT)

Miguelina Zagonel - Psicóloga e Coordenadora do SOST

Na saúde o termo é usado para definir um esgotamento físico e mental crônico causado pelo trabalho. A síndrome de Burnout é um tipo de estresse ocupacional, caracterizada por exaustão emocional apatia extrema, desinteresse pelo trabalho e lazer, depressão, alterações de memória e do humor, fadiga, enxaqueca, dores musculares e distúrbio do sono. A enfermidade acomete principalmente profissionais que lidam diretamente com pessoas, expostos a situações de extrema pressão, jornadas exaustivas, responsabilidades e frustrações. Um estudo, da Confederação Nacional dos Trabalhadores evidencia uma situação grave aponta que cerca de 30% dos trabalhadores no País são vítimas do Burnout. Desde 1999, o Ministério da saúde reconhece a síndrome como uma doença do trabalho.
Uma das explicações para que a síndrome acometa profissionais que estejam diretamente ligados a outras pessoas é o fato de “essas pessoas ter no trabalho sua principal fonte de satisfação, por isso são mais vulneráveis” explica a psicóloga Miquelina Zagonel, integrante do SOST.
Os principais sintomas foram identificados pelo psiquiatra Herbert Freudenberg, em 1970, em pacientes que lidam com pacientes psiquiátricos. Um sentimento de fracasso e exaustão causado pelo excessivo desgaste de energia os atingiu, afastando-os das tarefas cotidianas. Mas o Burnout traz outras conseqüências devastadoras. As vítimas podem manifestar agressividade, hostilidade e outros sentimentos que comprometem o convívio social e família, sem contar que a síndrome provoca uma erosão na auto-estima do profissional.
É importante saber que a síndrome é diferente do estresse. Este não tem necessariamente origem no trabalho e demanda medidas mais simples. “Um bom período de férias pode melhorar uma situação de estresse”, explica Miquelina. No caso de Burnout, ao contrário, as férias tendem a piorar o quadro, pois o indivíduo se mantém ligado ao trabalho e sofre com a possibilidade de retornar. “Portanto é necessário fazer uma intervenção mais ampla com o apoio de médico e psicólogo”, afirma.
Aí esta um desafio a ser diagnosticado e tratado adequadamente, o diagnóstico deve ser sintomático e feito por equipe multidisciplinar, exames clínicos e testes psicológicos entre eles o Maslach Burnout Inventory (MIB), que ajudam no diagnóstico. “O tratamento é multidisciplinar e tem dupla abordagem, com o uso de fármacos e acompanhamento psicoterapêutico para melhorar a auto-estima”, informa Miquelina. Também é necessária uma mudança na relação do paciente com o trabalho. “Ele precisa reavaliar o espaço que essa atividade ocupa na sua vida e adotar hábitos mais saudáveis: dedicar mais tempo a família, ao lazer, ao esporte e a práticas religiosas”, diz a psicóloga.
Outro obstáculo é o baixo investimento em programas voltados para a saúde do trabalhador. “As empresas estão preocupadas, mas ainda não se traduz em ação”, afirma à psicóloga. Apenas algumas empresas oferecem programas de qualidade de vida de forma regular a seus funcionários. Como se vê, ainda falta muito que fazer nesta área.
Sinais que podem identificar o problema
COMO TRATAR
Físicos: fadiga constante e progressiva; dores musculares, distúrbio do sono, enxaquecas, perturbações gastrointestinais, transtornos cardiovasculares e disfunções sexuais.
Psíquicos: falte de atenção e de concentração, alterações de memória e tentativa de suicídio.
Defensivos: tendência ao isolamento, sentimento de impotência, perda do interesse pelo trabalho e lazer, absenteísmo, ironia, cinismo.
Comportamentais: negligência, irritabilidade, perda da iniciativa, resistência a mudanças.
O método tradicional envolve o uso de medicamentos associado a sessões de psicoterapia. Mas alguns hábitos também podem trazer benefícios importantes para o paciente.
Ø Pratique meditação ou relaxamento
Ø Faça exercícios regularmente
Ø Estabeleça um ritmo de trabalho que não prejudique sua vida social
Ø Não se sobrecarregue com responsabilidades. Delegue tarefas
Ø Desenvolva a espiritualidade.

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