segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Estudos revelam que estresse afeta os neurônios

Até mesmo períodos relativamente curtos de estresse poderiam provocar alterações que deixam as células cerebrais hipersensíveis por semanas, informaram cientistas israelenses que tentam descobrir a origem das moléstias causadas pelo estresse traumático, segundo reportagem publicada na edição desta sexta-feira da revista Science.
Essas experiências foram realizadas com ratos e ainda estão muito longe de provar que os neurônios humanos reagem da mesma maneira.
Entretanto, a pesquisa gerou interesse entre os cientistas que se esforçam para estudar o estresse traumático causado após os atentados terroristas de 11 de setembro.
"É uma nova pista que chama muito a atenção", comentou o catedrático da Universidade Rockefeller, Bruce McEwen, que pesquisa os efeitos do estresse no cérebro.
Qualquer pessoa que experimentou algum trauma em sua vida sabe como tais ocasiões podem deixá-la nervosa. Essa é uma maneira de o cérebro se proteger contra futuros traumas, aprendendo com a própria experiência. Mas, em algumas pessoas, esse mecanismo de proteção pode ir mais longe, levando a uma grande ansiedade, pesadelos e lembranças persistentes da experiência, conhecidos como desordem pós-traumática de estresse.
Ninguém sabe como se consegue alterar de uma reação normal de estresse para uma resposta anormal, exagerada.
O cientista Hermona Soreq e seus colegas da Universidade Hebraica informaram na revista Science que um importante elemento é uma proteína cerebral conhecida como acetylcholinesterase, ou AChE, que tem um importante papel na passagem de informação de um neurônio para outro.
A secreção de uma versão anormal da proteína AchE, causada por uma situação de estresse traumático no caso dos ratos, provocou um nível de hipersensibilidade nos neurônios.
Ao realizar um rastreamento do cérebro dos ratos, encontrou-se altos níveis de atividade elétrica que duraram várias semanas.
(Com informações da Reuters)

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

COMPORTAMENTO SEGURO - CIÊNCIA E SENSO COMUM NA GESTÃO DOS ASPECTOS HUMANOS EM SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO
Juliana Zilli Bley, Julio Cézar Ferri Turbay e Odilon Cunha Junior - Psicólogos. Consultores da COMPORTAMENTO
Artigo publicado na Revista CIPA de novembro de 2005

“Ato inseguro, o grande vilão da segurança”. “O problema é trabalhar no piloto-automático”. “É o excesso de confiança”. Frases como esta vêm sendo ouvidas pelos trabalhadores em treinamentos de segurança, em palestras de SIPAT, em reconstituições de acidentes e outros momentos nos quais a grande interrogação é: como fazer com que as pessoas se cuidem no trabalho? Geralmente a resposta para esta pergunta remete à noção de Comportamento Seguro.Em segurança, grandes avanços foram realizados no que diz respeito aos aspectos ambientais, tecnológicos, legais e organizacionais e isso fez com que os índices de acidentes fossem reduzidos de forma significativa no Brasil e no mundo. No entanto, os acidentes ainda acontecem e isso fez com que os prevencionistas olhassem com mais atenção nos últimos anos para fatores que, até então, tinham sido pouco tratados nas práticas e programas: os fatores humanos. Devido ao fato do Ser Humano caracterizar-se como um fenômeno altamente complexo e de grande variância, o chamado “fator humano” tem sido visto como uma “grande caixa preta” nas discussões a respeito de Sistemas de Gestão de SST. Como educar as pessoas? Como comprometê-las com o processo? Como melhorar o controle dos riscos? Como motivar para a prevenção?O curioso desta questão é que grande parte destas respostas já é conhecida das ciências humanas e sociais há muitas décadas. É necessário promover a aproximação do conhecimento técnico-operacional e do humano, aplicando-os no cotidiano das organizações de trabalho. Para a Psicologia, o estudo da influência humana na ocorrência de acidentes de trabalho necessita levar em conta a forma como o Ser Humano se relaciona com seu meio de trabalho. Segundo Coleta (1991, p. 77), importante psicólogo e pesquisador brasileiro no campo da segurança do trabalho, afirma que “os comportamentos, as atitudes e as reações dos indivíduos em ambiente de trabalho não podem ser interpretados de maneira válida e completa sem se considerar a situação total a que eles estão expostos, todas as inter-relações entre as diferentes variáveis,incluindo o meio, o grupo de trabalho e a própria organização como um todo (...) Acidente de trabalho, neste sentido, pode ser visto como expressão da qualidade da relação do indivíduo com o meio social que o cerca, com os companheiros de trabalho e com a organização”. Tal posição aponta para a necessidade de compreender que comportamento humano no trabalho recebe inúmeras e simultâneas influências, portanto não pode ser observado de maneira linear e simplista, sob pena de sermos reducionistas.